quarta-feira, 25 de maio de 2011

Ciganos: falta de políticas públicas ainda é desafio para o governo

Brasília – A falta de políticas públicas específicas para a população cigana, estimada em 800 mil pessoas, é hoje o maior desafio do governo federal para melhorar a qualidade de vida desses povos, respeitando as peculiaridades culturais. Entre as poucas ações governamentais adotadas recentemente está a instituição, em 2006, do Dia Nacional do Cigano, lembrado hoje (24 de maio). A data é uma homenagem à padroeira Santa Sara Kali.

No entanto, desde então, nenhuma ação ligada à educação, saúde e programas assistenciais para os ciganos foi implantada. “Não temos uma política para as comunidades ciganas, mas estamos trabalhando na perspectiva de ter”, afirmou a secretária de Políticas para Povos e Comunidades Tradicionais da Secretaria de Políticas e Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Ivonete Carvalho.

A ideia é que cada ministério defina ações e destine recursos para execução de políticas voltadas a esses povos. Os ciganos têm representação no Conselho Nacional de Políticas de Igualdade Racial (CNPIR) e na Comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais. No entanto, os dois órgãos são apenas consultivos.

A ausência de políticas públicas é mais evidente entre as comunidades Calom que, até hoje, mantêm a cultura do nomadismo, mais por necessidade do que por apego à tradição. Essa realidade pôde ser constatada pela reportagem da Agência Brasil em visita a uma comunidade de 150 famílias recém-assentadas pela Secretaria de Patrimônio da União (SPU), na zona rural da cidade de Planaltina, no Distrito Federal. Eles têm água e luz, mas ainda vivem em barracas, em meio à poeira vermelha típica do Cerrado.

Essa comunidade não dispõe de rede de esgoto e os banheiros são improvisados, com fossas. “Queremos fazer uma vila cigana aqui para os que vêm de fora, que trazem crianças, vêm de longe e não têm onde ficar”, diz o líder do acampamento, Elias Alves da Costa, que pensa em transformar os pouco mais de 2 hectares de terra de chão batido num centro de apoio para calons e ciganos de outros clãs.

Com o apoio da Associação Cigana das Etnias Calons do Distrito Federal, a comunidade está trabalhando para construir um banheiro coletivo que também poderá ser usado por famílias que estejam apenas de passagem pela região. Além disso, a associação negocia com o governo e a Caixa Econômica Federal a liberação de recursos para a construção de uma lavanderia e de um galpão para atividades culturais.

Paralelamente às iniciativas de entidades não governamentais, a Seppir afirma que também atua no sentido de melhorar a qualidade de vida dos ciganos mais pobres. Uma experiência foi a criação do Centro Calom de Desenvolvimento da População Cigana, no município de Souza, na Paraíba. De acordo com a Seppir, o espaço de 300 metros quadrados foi construído para que 600 famílias da região pudessem desenvolver atividades culturais e oficinas de geração de renda. No entanto, o local, que custou R$ 360 mil e foi concluído em 2009, ainda está vazio e não é utilizado.

Para o ex-subsecretário de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos Perly Cipriano, que ocupou o cargo durante a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os programas governamentais voltados para os ciganos são executados de forma lenta. “O Poder Público tem uma lentidão em entender como são os povos ciganos. Eles têm muitos direitos aos quais não têm acesso. Os nômades, por exemplo, não recebem o Bolsa Família.”

Ele destaca a falta de acesso à educação como um dos principais problemas enfrentados pelos povos ciganos. Segundo Perly, um dos fatores que levam a essa situação é a própria condição de nômades. “É necessário que o Ministério da Educação, os prefeitos e as autoridades comecem a estabelecer uma política social adequada a essa realidade”, diz, destacando o grande número de adultos e crianças analfabetas.

Ivonete Carvalho, da Seppir, estima que a população cigana, no Brasil, ultrapasse os 800 mil, uma vez que a cultura nômade ainda persiste em muitas comunidades. Estima-se ainda que 90% dessa população sejam analfabetos. O Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) constatou a existência de acampamentos em 291 dos 5.565 municípios brasileiros. “Precisamos verificar agora a quantidade de famílias [ciganas] nesses municípios, quais as demandas dessas comunidades”, diz Ivonete.

Edição: Juliana Andrade e Lílian Beraldo
Daniella Jinkings e Marcos Chagas
Repórteres da Agência Brasil
http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2011-05-24/ciganos-falta-de-politicas-publicas-ainda-e-desafio-para-governo

terça-feira, 10 de maio de 2011

LIVRO O ROMANCEIRO CIGANO


Romanceiro cigano (Romancero gitano),publicado em 1928, contém dezoito poemas que tematizam aspectos da cultura dos ciganos da Andaluzia. O Romanceiro pode ser entendido no âmbito das trocas entre a cultura popular e a produção erudita, que ocasionou grandes obras no século XX, nas letras e nas outras artes. O livro é considerado um dos pontos altos da obra de García Lorca, e é também aquele que obteve a mais ampla acolhida do público. Além de poemas de matiz mais estritamente lírico, há aqueles narrativos, na tradição hispânica dos romances, formas de poesia narrativa de temática mais prosaica muito em voga nos séculos XVI e XVII.

Federico García Lorca (Fuente Vaqueros, Granada, 1898 - entre Víznar e Alfacar, Granada, 1936) foi um poeta e dramaturgo espanhol pertencente à Geração de 27, que congregou os poetas do modernismo na Espanha. Formou-se em Direito pela Universidade de Granada. Seu primeiro livro foi Impresiones
y paisajes (1918). Nos anos seguintes, residindo em Madri, publicou a peça El malefício de la mariposa (1920), o Livro de poemas e Poema del cante jondo (1921), a Oda a Salvador Dalí (1926) e o Romanceiro cigano (1928). Em 1929 vai para Nova York, onde fica até o ano seguinte, o mesmo em que publica o livro oriundo desta experiência, Poeta en Nueva York. Visita Cuba no mesmo ano e, em 1933, a Argentina, onde cuida da montagem de espetáculos pela companhia estatal de teatro La Barraca. Em 1935, publica um de seus poemas mais conhecidos, Llanto por Ignacio Sánchez Mejías. García Lorca foi executado aos 38 anos, quando eclode a Guerra Civil Espanhola, que entronizaria o general Francisco Franco, e os militares derrubam o governo da Segunda República Espanhola, de cujos quadros o poeta fazia parte como codiretor da companhia La Barraca.

Fábio Aristimunho Vargas (1977- ) é escritor, professor e advogado. Bacharel em Direito e mestre em Direito Internacional, ambos pela USP. Doutorando em Teoria Literária pela UFPR, na linha de pesquisa Estudos da Tradução. Autor dos livros de poesia Medianeira (São Paulo: Quinze & Trinta, 2005) e Pré-datados (São Paulo: Lumme, 2010). Organizador e tradutor da coleção Poesias de Espanha: das origens à Guerra Civil, em quatro volumes: Poesia galega, Poesia espanhola, Poesia catalã e Poesia basca (São Paulo: Hedra, 2009). Como tradutor publicou ainda La entrañable costumbre (Tlaquepaque: Mantis, 2008), do mexicano Luis Aguilar, e Canto desalojado (São Paulo: Lumme, 2010), do uruguaio Alfredo Fressia. Foi tradutor-residente na Universitat Autònoma de Barcelona com bolsa do Institut Ramon Llull para tradutores de literatura catalã (2009).

Autor: Garcia Lorca
Tradutor: Fábio Aristimunho Vargas
ISBN: 978-85-7715-23
Ano: 2011
Edição: 1ª
Páginas: 162

http://www.hedra.com.br/home/?PHPSESSION_HEDRA=sess&id=2&livro_id=356&area%5B%5D=catalogo&area%5B%5D=detalhes

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